segunda-feira, 14 de junho de 2010

Israel ocupada por Judeus, desde 14 maio de 1948

Israel ocupada desde 14 maio de 1948
“Nós não temos direito a este país”
31/5/2010


Passar a régua e deixar tudo como está?


Existe afinal de contas um povo judeu? A diáspora é apenas um mito que visa justificar a direito à Palestina histórica? Com teses ponderadas, o historiador israelita Schlomo Sand coloca em dúvida muitas coisas óbvias para muitos judeus – seus colegas protestam indignados.



É esse ditado alemão que fascina Schlomo Sand: muitos inimigos, muita honra. “Às vezes eu gostaria de ter menos inimigos, mesmo se significasse um pouco menos de honra” , reflete o historiador israelita em sua sala na Universidade de Tel Aviv. “Mesmo assim, a coisa vale a pena” , afirma o acadêmico de 63 anos.


A coisa, isto é, o livro com o qual Sand desencadeou uma discussão amargurada em sua pátria israelita há dois anos: “A invenção do povo judeu” chama o trabalho que apareceu naquela época em hebraico e desde há algumas semanas, agora em alemão.


A tese defendida ali é polêmica, para muitos até inadmissível: não existe prova científica da expulsão do povo judeu da Terra Sagrada no ano 70 depois de Cristo, escreve Sand. Em conseqüência disto, ele afirma:

- os judeus não são, portanto, um povo que estaria espalhado pelo mundo ao longo de 2.000 anos


- as comunidades judaicas da região do mediterrâneo e Europa são antes de tudo produto de um trabalho missionário dos religiosos judeus


- judeus não são uma etnia, mas sim meramente uma comunidade religiosa, à qual teriam se juntado grupos de diferentes origens.


Em um país onde cada criancinha já sabe que os judeus procedentes da Alemanha e do Marrocos, Etiópia e Iraque têm a mesma herança cultural e genética, isso soa como alta traição.


“Eu perdi um monte de amigos”.


“Eu coloquei em dúvida o mito fundamental da sociedade judeo-israelita”, declara Sand a respeito da avalanche de indignação, que ele ocasionou quando publicou seu livro. A legitimação do Estado de Israel é derivada a partir do exílio onde os judeus teriam vivido ao longo de 20 séculos. “Este exílio nunca existiu, e com isso o sionismo se torna supérfluo”, diz Sand. “Como querem legitimar o ‘retorno ao lar’ dos judeus em sua antiga Pátria, se os judeus nunca deixaram essa região?” Suas pesquisas abalaram “os fundamentos da moderna Israel”, diz Sand convencido.


Mesmo que não se queira ir tão longe: o trabalho de Sand provocou enorme repercussão. Ao longo de 19 semanas, seu livro figurou na lista dos best-sellers da França. Entrementes, “A invenção” foi traduzida em seis línguas, outras 11 edições estrangeiras estão em preparação. Porém, ao orgulho de Sand mistura-se um pouco de melancolia: não apenas por receber milhares de cartas repletas de ódio, com diversas ameaças contra sua vida. “Eu perdi muitos amigos”, diz Sand.


Um motivo para a agitação: Sand aponta seus colegas historiadores como co-responsáveis pela construção de um mito. Sua reação foi respectivamente contundente. Sand deveria ter continuado a se ocupar com a história francesa, do que se meter nas especialidades de outras pessoas. A suposição de Sand que haveria uma espécie de conspiração entre os cientistas judeus em promover um clichê histórico, é “pura fantasia”, escreve Israel Bartal da Universidade de Jerusalém no jornal “Haaretz”.


Um Statement político


O que torna o trabalho de Sand problemático, são as derivações políticas que ele faz a partir de suas pesquisas históricas, escreve um famoso comentarista. Sand conclui que Israel é um país racista e anti-democrático, onde não-judeus são descriminados sistematicamente. Como podem denominar Israel uma democracia, se 2,5 milhões de palestinos dos territórios ocupados não possuem direito para dialogar? “Naturalmente isso é um statement político”, diz Sand, que vê a si próprio como um historiador consciente em boa companhia. “Historiadores produzem o canhão ideológico com o qual se definem comunidades, nossa profissão é política por natureza.”


Alguém ainda pode continuar a ignorar por que a historiografia atual do holocausto judeu ainda deva ser mantida com unhas e dentes? A verdade histórica em torno deste episódio deve ser ocultada, a versão atual dogmatizada, mesmo que isso se faça pela força da lei, em outras palavras, através da censura nua e crua.

E onde estão os inconformados jornalistas, eternos defensores da tão sagrada liberdade de expressão? Quando um ativista político é condenado a 13 anos de prisão na Alemanha , apenas por expressar sua opinião a respeito do suposto holocausto e suas vítimas, onde se encontram os hipócritas defensores dos direitos humanos? Calados, acuados e constrangidos pela pressão imposta da Nova Ordem mundial Sionista – NR.


Auxílio para sua tese, que o judaísmo é apenas uma religião, não uma etnia, ele recebe de diversos assim chamados Novos Historiadores, que se ocupam desde a década de oitenta do século passado em corrigir a historiografia oficial israelita. Tom Segev, um bastante famoso historiador israelita, elogiou o livro como bem fundamentado e relevante politicamente: “Quer disseminar a idéia que Israel deva ser um país para todos seus habitantes – ao contrário de sua identidade declarada como Estado ‘judeu e democrático’.”


O próprio Sand não acreditou que poderia lecionar na universidade e que provocaria um verdadeiro escândalo antes de receber as honras. Como filho de um sobrevivente do holocausto nascido em Linz, ele veio no ano de fundação do Estado israelita, na região costeira de Jaffa com predominância árabe, não distante de Tel-Aviv. Aos 16 anos ele deixou a escola, ingressou no exército e combateu na guerra dos seis dias, depois trabalhou em fábricas. Somente com 25 anos terminou o segundo grau, estudou história e foi para a França, onde pesquisou o nacionalismo francês. Em 1982 retornou para Israel e leciona desde então em Tel-Aviv.


Os judeus não são um povo, mas sim uma comunidade religiosa


O trabalho de Sand alicerça-se na pesquisa moderna sobre nacionalismo, como formulou o cientista político norte-americano: segundo ele, nações são “comunidades inventadas”. Para Sand, a idéia do nacionalismo judeu nasce simultaneamente com a identidade de outros povos europeus por volta de 1850. Ao contrário da Europa, onde a idéia do Estado nacional étnico empalidece, em Israel ela é ainda a estrutura fundamental do Estado.


Sand e seus seguidores defendem a posição que deve ser passada a régua na história. “Nós vemos o que surge daí, quando antigos discursos são desenterrados e pronunciados em alto e bom tom”, diz Sand em referência ao “retorno ao lar” dos judeus para a Palestina. Segundo ele, o Estado israelita deve continuar a existir, os palestinos expulsos ficam onde estão. “Mas o Estado israelita deve reconhecer que leva nas costas a responsabilidade pela catástrofe palestina”, diz Sand.


O verdadeiro holocausto: extermínio sistemático de milhões de palestinos


Aos poucos fica claro o propósito deste artigo da revista-conforme ao Sistema – Der Spiegel: depois de exterminar a população palestina ao longo de décadas e lhes roubar boa parte do território, a coisa deve ficar como está... Inacreditável!! – NR.


Com seu livro, Sand quer contribuir com um primeiro passo em direção à reconciliação, em direção à paz: “Eu não queria continuar a viver aqui, se ao menos não tivesse tentado modificar o discurso.” Ele tem exatamente em mente, como deveria ser o ensino ideal de história nas escolas israelitas, conta ele em sua sala, onde até o teto se acumulam clássicos de filmes em vídeo-cassete.


O professor apareceria diante dos alunos e proferiria o seguinte discurso: todos nós sabemos que os judeus não são um povo, mas sim uma comunidade religiosa. A Europa nos cuspiu para fora no decorrer da Segunda Guerra Mundial. Como nós não podíamos ir a lugar algum, nós usurpamos a terra de outras pessoas, sem perguntar. Por isso os árabes nos odeiam.


“Nós não somos um povo, nós não temos direito a estas terras. Se isso for ensinado nas escolas israelitas”, diz Sand, “haverá paz. E eu não preciso escrever mais qualquer livro.”


Os palestinos expulsos devem ficar onde estão, encurralados em sua própria pátria, mesmo que os israelitas não tenham "direito a estas terras". A velha política hipócrita do "bate e assopra" - NR


Der Spiegel, 30/05/2010.

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